terça-feira, 6 de dezembro de 2011

.... DE MÃE PARA FILHA.....HERANÇA ESPIRITUAL.....












A disputa pelo Engenho Velho até chegar no Gantois....


Iyá Nassô uma das fundadoras do Ilè Asé Airá Intilè também chamado de Candomblé da Barroquinha, localizado no bairro da Barroquinha, depois Ilé Iya Nassô Oká, foi sucedida por Iyá Marcelina. Após a morte desta, duas das suas filhas, Maria Júlia da Conceição e Maria Júlia Figueiredo, disputaram a chefia do candomblé, cabendo à Maria Júlia Figueiredo que era a substituta legal (Iyá Kekeré) tomar a posse de Iyálorixá do Terreiro. Maria Júlia da Conceição afastou-se com as demais discidentes e fundaram o (Terreiro do Gantois).
Sucessora de Maria Júlia da Conceição Nazaré, como não teve filhos, o cargo foi transmitido em 1918 para sua sobrinha, Maria da Glória Nazareth a mãe carnal de Mãe Menininha do Gantois.
Sua mãe, Maria Júlia, moradora da antiga rua da Assembleia, no atual Centro Histórico de Salvador, pertencia ao Candomblé da Barroquinha (depois transferido para o Engenho Velho com o nome de Ilé Iya Nassô Oká) e, tendo sido preterida na sucessão da casa, resolvera fundar sua própria, onde hoje fica a Federação, em terreno alugado por seu pai, Francisco. Era o terreiro do Gantois - nome derivado da família belga de traficantes de escravos que era dona do local[2].
Pulchéria assumiu o Gantois no ano de 1910[3], ampliando os trabalhos iniciados pela mãe. Frequentava o Gantois, neste período, o célebre médico Nina Rodrigues, vindo posteriormente a se tornar ogã[2]. Além dele, Pulchéria conseguiu ampliar os trabalhos e dar grande notoriedade ao Gantois, tendo mais tarde registrado o jornal O Estado da Bahia, depoimento de Severiano Manoel de Abreu (o Jubiabá do romance de Jorge Amado) que "Pulcheria, Nana e Nicácio tiveram as suas roças frequentadas por destacadas figuras sociais da cidade, políticos eminentes, secretários de governos passados, etc., durante os dias de festa, rodeando as camarinhas onde as filhas de “Xangô”, “Oxalá” e “Oxóssi” faziam o seu noviciado com filhas de santo, trajando de branco e de cabeça rapada"[4]
Segundo ainda o mesmo jornal, no Gantois o "terreiro da Pulchéria" continuou, mesmo após sua morte, a ter este nome como reconhecimento junto ao grande público. Assim foi que, a 26 de maio de 1937, publicou O Estado da Bahia, a seguinte nota:
Um novo “terreiro” no Gantois
Será lançada manhã, às cinco horas da tarde, a pedra fundamental do novo “terreiro” do Gantois, ampliando a construção antiga.
Fará essa festa, os “Ogãs” e as pessoas gradas do candomblé estão convidando todos os seus amigos.
Depois dessa cerimônia, começará a festa no velho “terreiro” da Pulcheria, pela noite a dentro.
Nasceu em 10 de fevereiro de 1894, dia de Santa Escolástica, na Rua da Assembléia, entre a Rua do Tira Chapéu e a Rua da Ajuda, no Centro Histórico de Salvador, Mãe Menininha teve como pais Joaquim e Maria da Glória.
Foi a quarta Iyálorixá do Terreiro do Gantois e a mais famosa de todas as Iyálorixá brasileiras. Sucessora de sua mãe, Maria da Glória Nazareth, foi sucedida por sua filha, Mãe Cleusa Millet.
Descendente de escravos africanos, ainda criança foi escolhida para ser Iyálorixá do terreiro Ilê Iyá Omi Axé Iyamassê, fundado em 1849 por sua bisavó, Maria Júlia da Conceição Nazaré, cujos pais eram originários de Agbeokuta, sudoeste da Nigéria.
O terreiro, que inicialmente funcionava na Barroquinha, na zona central de Salvador, foi posteriormente, foi transferido para o bairro da Federação, instalando-se em terreno arrendado aos Gantois - família de traficantes de escravos e proprietários de terras de origem belga - pelo cônjuge de Maria Júlia, o negro alforriado Francisco Nazareth de Eta.[1] Situado num lugar alto e cercado por um bosque, o local de difícil acesso era bem conveniente numa época em que o candomblé era perseguido pelas forças da ordem. Geralmente, os rituais terminavam subitamente com a chegada da polícia.[2]
Maria Escolástica foi apelidada Menininha, talvez por seu aspecto franzino. “Não sei quem pôs em mim o nome de Menininha… Minha infância não tem muito o que contar… Agora, dançava o candomblé com todos desde os seis anos”.
Foi iniciada no culto dos orixás de Keto aos 8 anos de idade por sua tia-avó e madrinha de batismo, Pulchéria Maria da Conceição (Mãe Pulchéria), chamada Kekerê - em referência à sua posição hierárquica, Iyá kekerê (Mãe pequena). Menininha seria sua sucessora na função de Iyalorixá do Gantois. Com a morte repentina de Mãe Pulchéria, em 1918, o processo de sucessão foi acelerado. Por um curto período, enquanto a jovem se preparava para assumir o cargo, sua mãe biológica, Maria da Glória Nazareth, permaneceu à frente do Gantois.
"Minha avó, minha tia e os chefes da casa diziam que eu tinha que servir. Eu não podia dizer que não, mas tinha um medo horroroso da missão (...): passar a vida inteira inteira ouvindo relatos de aflições e ter que ficar calada, guardar tudo para mim, procurar a meditação dos encantados para acabar com o sofrimento." [3]
Em 1922, através do jogo de búzios, os orixás Oxóssi, Xangô, Oxum e Obaluaiyê confirmaram a escolha de Menininha, então com 28 anos. Em 18 de fevereiro daquele ano, ela assume definitivamente o terreiro. "Quando os orixás me escolheram eu não recusei, mas balancei muito para aceitar", contava.
A partir da década de 1930, a perseguição ao candomblé vai arrefecendo, mas uma Lei de Jogos e Costumes, condicionava a realização de rituais à autorização policial, além de limitar o horário de término dos cultos às 22 horas. Mãe Menininha foi uma das principais articuladoras do término das restrições e proibições. "Isso é uma tradição ancestral, doutor", ponderava a ialorixá diante do chefe da Delegacia de Jogos e Costumes. "Venha dar uma olhadinha o senhor também."
Mãe Menininha abriu as portas do Gantois aos brancos e católicos - uma abertura que, em muitos terreiros, ainda é vista com certo estranhamento. Mas afinal, a Lei de Jogos e Costumes foi extinta em meados dos anos 1970. "Como um bispo progressista na Igreja Católica, Menininha modernizou o candomblé sem permitir que ele se transformasse num espetáculo para turistas", analisa o professor Cid Teixeira, da Universidade Federal da Bahia.
Nunca deixou de assistir à missa e até convenceu os bispos da Bahia a permitir a entrada nas igrejas de mulheres, inclusive ela, vestidas com as roupas tradicionais do candomblé.[4]
Aos 29 anos, Menininha casou-se com o advogado Álvaro MacDowell de Oliveira, descendente de escoceses. Com ele teve duas filhas, Cleusa e Carmem. “Meu marido, quando me conheceu, sabia que eu era do candomblé… A gente viveu em paz porque ele passou a gostar de Candomblé. Mas, quando fui feita Iyalorixá, passamos a morar separados. No meu terreiro, eu e minhas filhas. Marido não. Elas nasceram aqui mesmo”. [5]
Em uma entrevista à revista IstoÉ, mãe Carmem conta que ela adorava assistir telenovelas, sendo que uma de suas preferidas teria sido Selva de Pedra.[6] Era colecionadora de peças de porcelana, louça e de cristais, que guardava muito zelo. Não bebia Coca-Cola, pois certa vez lhe disseram que a bebida servia para desentupir os ralos de pias, e ela temia que a ingestão da bebida fizesse efeito análogo em si.[6]
Mãe Menininha do Gantois faleceu de causas naturais, aos 92 anos de idade.
Cleusa da Conceição Nazaré de Oliveira, conhecida por Mãe Cleusa de Nanã (Salvador, ? — Salvador, 15 de outubro de 1997) foi a quinta Iyálorixá do Terreiro do Gantois. Foi sucedida por sua irmã Carmen de Oxalá.
Mãe Cleusa e Mãe Carmem eram filhas de Mãe Menininha do Gantois, e netas de Maria da Glória Nazareth a terceira Iyálorixá do mesmo Terreiro.
No Gantois, quem assume o lugar da mãe é a filha mais velha, essa é a tradição da casa. Segundo Julio Braga: "Historicamente, o Gantois é um candomblé familiar de tradição hereditária consanguínea, em que os regentes são sempre do sexo feminino".
Mãe Cleusa construiu toda uma vida longe do candomblé, mesmo tendo se iniciado na religião e ajudado a mãe a comandar o centro por um tempo, não queria ter esse compromisso religioso na sua vida. Casou-se aos 21 anos com um oficial milionário da Marinha de Guerra e com ele teve três filhos: Mônica, Zeno e Álvaro. Viajou por muitos países, conhecendo o luxo e a riqueza. Ao voltar para o Brasil, decidiu sair de Salvador e foi morar na Cidade do Rio de Janeiro, e lá passou a exercer sua profissão, já que estou muito durante a vida e passou no vestibular de Medicina na Universidade Federal da Bahia, e seu primeiro emprego foi na profissão em que se formou, obstetra.
Carmem da Conceição Nazaré de Oliveira, conhecida por Mãe Carmem do Gantois ou Mãe Carmem de Oxalá é a Iyalorixá do Candomblé, do Terreiro do Gantois, na cidade de Salvador, Bahia, Brasil.
É a filha mais nova de Mãe Menininha do Gantois e a irmã caçula de Mãe Cleusa Millet. Passou toda suia vida se dedicando aao candomblé com a mãe, já que a irmã não optou pelo caminho religioso, apesar de ter sido feita na religião. Carmem Foi iniciada no Candomblé para Oxalá, seu pai de cabeça, quando ainda era criança e desde então, não parou mais de se aprofundar nos estudos religiosos e fazer suas obrigações espirituais. Casou-se jovem e mesmo assim, continuou na religião e trouxe o marido para ela. Mesmo sua irmã não tendo se dedicado tanto a religião, ela só pôde tomar a frente do terreiro após a morte dela, Mãe Cleusa de Nanã, em 15 de Outubro de 1997 e aí sim assumiu o posto de Iyalorixá do Terreiro mais famoso do Brasil. Ela traz o segredo do Axé tendo ao seu lado suas duas filhas: Ângela de Oxum e Neli de Oxóssi. 


pesquisa do Babalorisá  Mauro De Oliveira Costa

domingo, 4 de dezembro de 2011

Orìkí fún Òsun

Orìkí fún Òsun

Ìba Òsun sekese
Ìba Òsun olodi
Latojoki awede we’mo
Ìba Òsun ibu kole
Yeye kari
Latokoko awede we’mo
Yeye opo
O san rere o
Àse


Orìkí para Òsun

Eu elogio a deusa do mistério, espírito que limpa de dentro para fora,
Eu elogio a deusa do rio
Espírito que limpa de dentro para fora
Eu elogio a deusa da sedução
Mãe do espelho
Espírito que limpa de dentro para fora
Mãe da abundância
Nós cantamos seus elogios
Axé


A água a folha e a pedra

Certamente que encontrar a essência do orisa,não é ir à áfrica,existem várias essências no ritual de culto aos  Orisas,nunca deveríamos confundir com ir até as origens.


Durante a  iniciação de uma pessoa de Osun , retiramos a água do rio que será usada nos rituais,essa é uma forma de extrair a essência,assim como quando preparamos as folhas maceradas ou calcinadas também estamos extraindo parte do conjunto necessário ao culto do orisa em seu Igba(vasilha de  assentamento),no momento que seguramos em nossas mãos um  minério de ferro e invocamos Ogun em seu igba sentimos a presença do orisa,mesmo quando uma pessoa retira das águas do rio um okuta(pedra) cor amarelada, que não tem nenhuma rachadura obtemos  uma das essências de Osun.


A brancura do okuta de formas delicadas representa certamente um dos princípios de Obatala,mas é com a inclusão de outras essências como o  efun e o chumbo e as folhas certas, que formam um conjunto de elementos que caracteriza o início do assentamento, mas o ofo(encantamento sagrado) certo,  e o ase(axé) de quem o pronuncia é que vai completar o ritual,a escolha do sacerdote  continua sendo o elemento que dá o equilíbrio.
Então a escolha do individuo permanece como o ponto fundamental  em todas a situações,o acerto, ou o erro vai caracterizar o sucesso ou o fracasso de uma iniciação.
As Folhas e os Orisas 
Ataare
Da mesma forma como no oráculo de Ifá os (Odù) são organizados dentro de um sistema classificatório, no culto a Osanyin, os vegetais, também, estão inseridos nesse sistema, e devemos considerar o fato que o orisa assim como as folhas e outros elementos da natureza nascem de uma obra de Olodumare que nós identificamos como odu,essa é a razão por que a mesma folha servem a mais de um orisa.
iroko


Ábèbè Òsún = Erva Capitão
Abéré = Picão Preto
Ábitólá = Cambará
Àfòmón = Erva de Passarinho
Àgbá = Romã
Àgbàdó = Milho
Àgbaó = Imbaúba
Agbéye = Melão D'Água
Àgbon = Coqueiro
Àgogo = Figueira do Inferno
Àjóbi, Àjóbi Oilé, Àjóbi Pupá = Aroeira Comum, Aroeira Vermelha
Àjóbi Funfun = Aroeira Branca
Akan = Cará Moela
Akòko = Acoco
Jokonije = Jarrinha
Alékèsì = São Gonçalinho
Àlùbósà = Cebola
Àlúkerésé = Dama da Noite
Àlùmóm = Boldo Paulista
Àmù = Sete Sangrias
Apáòká = Jaqueira
Àrìdan = Aridan
Àrùsò = Alfazema
Àsíkùtá e Efin = Malva Branca
Ata = Pimenta Malagueta
Ataare = Pimenta da Costa
Atopá Kun = Arruda
Àtòrìnà = Sabugueiro
Awùrépépé = Agrião do Para, Pimenta D'Água
Bàlá = Taioba
Balabá = Lirio do Brejo
Bánjókó = Bem me Quer
Bàrà = Melancia
Bejerekun = Pindaíba
Bujè = Jenipapeiro
Dandá = Junquinho
Dankó = Bambu
Efínfín = Alfavaca
Efínrín Kékéré = Manjericão
Ègé = Mandioca
Ègúsi = Melão
Èkèlegbara = Perpétua
Ekun = Sapê
Elégédé = Abóbora
Èpà = Amendoim
Eré Tuntún = Levante
Eró igbin = Erva de Bicho
Èsìsì = Urtiga
Etába ou Asá = Tabaco
Étipónlá = Erva Tostão
Ewé Bàbá = Boldo
Ewé Bíyemí = Quebra Pedra
Ewé Boyí = Bétis Cheiroso
Ewé Gbúre = Bredo
Ewé Idá Òrìsà = Espada de São Jorge
Ewé Inón = Folha Fogo
Ewé Isinisini =  Mastruz
Ewé Iyá = Pariparoba
Ewé Kúkúndùnkú = Batata Doce
Ewé Lárà Funfun = Mamona
Ewé Lorogún = Abre Caminho


Local de pesquisa: 
O livro  Ewé Òrìsà.
Autor:  Flavio Pessoa de Barros e Eduardo Napoleão.                                                                                  

....FALANDO BASICAMENTE DE ODÚS

                                              
                                                          
ire(sorte aspecto positivo), e o ibi (aspecto negativo) de um mesmo odu deve ser extraído com muito cuidado por que só assim teremos a capacidade de interpretar a verdadeira mensagem contida no jogo.
Esse texto apresenta algumas características do ire  e do ibi constante em todos os odus. A idéia é chamar a atenção que um único odu não pode,como querem alguns, reunir todas as características positivas ou negativas existentes,como na atual  obara mania.

1-okanran    Esu,Sango
IRE- Novo caminho, oportunidade material, progresso.
 IBI- Medo, insegurança, impulsividade.
2-Eji oko    Ibeji,Iya mi
IRE-Nascimento, dualidade, inicio.
IBI-Morte,escuridão,desordem.
3-Ogunda   Ogun Osanyin
IRE-Profissão, construção,força.
IBI-Violencia,desastre,doença,brigas
4- irosun Ogun egun yemonja
IRE-Caminhos abertos, realização,ambição
IBI-Intranqüilidade ,inquietação,arrependimento.
5-Ose  Osun
IRE-Suavidade, ingenuidade , amor,riqueza,riqueza.
IBI- Ilusão, falta de foco, fofoca,curiosidade
6-Obara  Osala osoosi Sango
IRE-Sorte, paciência,habilidade,potencial.
IBI- Inveja, roubo, perda,inquietação.
7-Odi   Oloogun Ede,Osoosi, Esu
IRE-Liderança, persistência, sensibilidade
IBI- Polêmicas, problemas, brigas,traições
8- Eji Ogbe  Obatala,Ifa,yemonja,Obaluwaiye
IRE-Alegria, encanto,felicidade,grandeza,sucesso.,inicio.
IBI- Nervosismo, preguiça, altos e baixos.
9-Osa    Iya mi,Oya,Yemonja
IRE-Viagens, Espiritualidade, Família,mudança.
IBI- Falta de coragem, duvidas, depressão.
10-Ofun  Osala
IRE-Vitória, determinação, realização, paciência.
IBI- Lentidão, desânimo, fraqueza, fragilidade.
11-Owarin Oya Egungun
IRE-Pressa, poder ,  força,Otimismo,realização.
IBI- Perigo ,  acidente, ,violência.
12-Ejila (Iwori),Sango.
IRE-Emprego, dinheiro, negócios, política.
IBI- Avareza processos, loucura.
13- ika  Soponnan,iya mi,Nanã
IRE-Espiritualidade
IBI-  Perigos, doenças,feitiços,morte.
14-Oturupon  iya mi Obalwaiye
IRE- Espiritualidade,  vidência,intuição.
IBI- Doenças, fase negativa miséria.
15- Otura,(Ofun Okanran) Esu,Olookun
IRE- A capacidade de recomeçar rapidamente.
IBI- A falta de Iniciativa,desilusão,decepção.
16-Irete     Ifa,Soponnan,sociedade Ogboni.
IRE-Ligação  com a espiritualidade,o renascimento
IBI-O fracasso ,a morte.
ORISA FALA!
Já faz muito tempo que eu desisti de visitar os barracões ,ver as festas as quais sou convidado,não por desconsiderar meus amigos que me convidam,mas na realidade porque quando volto à minha casa sinto um misto de tristeza e decepção ,porque em um passado não muito distante  os orisas falavam, e se comunicavam com as pessoas, deixavam recados que certamente contribuíam em  muito para a solução de nossos problemas .

O que teria acontecido com o passar dos anos ? Os orisas fecharam os olhos e ainda fecharam a boca .É natural que o orisa tenha um idioma de origem, o yoruba, mas  orisa é sabedoria  e o que  adiantaria um orisa falar somente yoruba em uma terra que se fala português?

Sempre os orisas se comunicaram com uma mistura das duas línguas para facilitar o entendimento. Por que agora deixaram de falar? Seria culpa dos sacerdotes que perderam como se faz o ritual da abertura de fala?Será  que esses novos sacerdotes já viram um tabuleiro repleto de comidas para tal ase?

Entrar em um barracão e ver um orisa de olhos fechados sendo conduzido para um lado e outro,saber que ele deixou de falar e que só vem ao mundo para dançar,me faz ficar em casa.Saber que os orisas em um passado não muito distante limpavam cozinhavam e orientavam como fazer ebós;saber que um orisa virava na rua e levava o filho para casa quando ele estava correndo algum perigo e, que nos dias de hoje ele só fica cuidando para não quebrar as plumas de sua roupa me deprimi.

Eu aprendi religião em uma casa que o orisa ia na rua buscar os cabritos do ritual,ajudava a segurar as galinhas e conversava com seus filhos por horas,com os olhos bem abertos como podemos comprovar com filmes e fotos ,coisa que ainda acontece na terra mãe.

Como sou muito jovem para me colocar como conhecedor,tento contribuir como testemunha da historia que está se transformando, e para que as pessoas não acreditem que tudo isso é fruto da minha imaginação segue anexo um texto do falecido professor Agenor Miranda,  um dos nomes mais respeitados da nação de ketu na historia moderna.

Palavras do professor Agenor:
homenagem ao prof. Agenor miranda
Antigamente havia mais  humildade,mais fé e mais respeito ao orixá.Hoje não,quase só se vê vaidade e comércio.O axé está enfraquecendo.Talvez por essa razão os orixás do ketu não falem mais,em muitas casas,mas deveriam falar,se recebem o axé de fala.O erê  não fala? O próprio orixá não dá seu nome no barracão? Os santos dos antigos sempre falavam,ou em yoruba antigo ou para aqueles que não compreendessem  esta língua num português meio arrevesado. Só não falavam os orixás das pessoas que não eram feitas e que, por tanto ainda não tinham recebido o axé próprio.


Um vento sagrado: história de vida de um adivinho da tradição nagô-kêtu ... Pagina 58
 Por Muniz Sodré,Luís Filipe de Lima

IYÁ ORI

               

                                                                IYÁ  ORI


Durante todos esses anos eu já ouvi tantas inverdades, crendices e lendas que não me admiro ver tantas novidades em nossa religião.
Sobre Iya Ori então, eu fico impressionado como isso foi divulgado. Dizer que Iya Ori (Yemonja) ou qualquer Orisa que tenha esse título seja a dona de todas as cabeças... é de deixar  pensando o porquê de tanta desinformação.
A divindade que é considerada como “aquela que molda as cabeças”, é o Orisa Ajala, e a que habita as cabeças, se é que podemos dizer assim, para facilitar o entendimento das pessoas iniciadas recentemente ou leigas, é Ori.
Eu cultuo Yemonja e considero um belíssimo Orisa, mas daí atribuir a essa linda divindade algo que não é verdade, não faz parte de nossa forma de
Sobre o bori então... eu fico impressionado com alguns procedimentos. Oferecer peixe e canjica para todas as cabeças é um atestado de incompetência comum aos supostos sacerdotes.
Se o Ori esta ligado ao odu, e existe 256 odus diferentes, a grosso modo, teríamos no mínimo 256 tipos de bori. Mas a verdade é que esse procedimento não segue nenhuma regra e sim, uma orientação de Ifa ocasional.

Dependendo da consulta feita ao jogo, pode sim ser orientado um bori àquela pessoa em um determinado momento. Os componentes do mesmo seguem uma orientação pessoal e específica diante daquela circunstância.

Cada pessoa em um determinado momento da vida necessita de um tipo de bori que supra as suas carências, é responsabilidade do sacerdote identificar as mesmas com precisão.
Podemos citar um exemplo: quando a pessoa precisa de um novo caminho na vida profissional, nesse tipo de bori, devem existir elementos ligados ao Orisa Ogun. Essa regra pode ser usada como forma de identificar as comidas, e outras substâncias a serem usadas no ritual.
Ori, eu te saúdo!
Aquele que é sábio,
Foi feito sábio pelo próprio Ori.
Aquele que é tolo,
Foi feito mais tolo que um pedaço de inhame,
Pelo próprio Ori!
Seria muito importante que todas as pessoas tivessem acesso a literaturas que indicam os procedimentos a serem seguidos em nossa religião. Infelizmente isso não é possível, sendo assim, vamos tentar contribuir com algumas informações, sem querer ser o dono da verdade, mas também não compactuando com essa total falta de informação existente.

Todo Ori, embora criado bom, acha-se sujeito a mudanças; a própria conduta do homem pode transformar negativamente os pré-requisitos de nossa existência por nós escolhidos de ante Ajala.
 Bàbàláwo Ifágbaíyin


 “ORI mi a ba bo ki a to bo ORISA”, ou seja, “Meu ORI, que tem que ser cultuado antes que o ORISA” e temos um oriki dedicado à ORI que nos fala que ” KO SI ORISA TI DA NIGBE LEYIN ORI ENI”, significando, “… Não existe um ORISA que apóie mais o homem do que o seu próprio ORI…”
Juntó, segundo orisa?

Em nosso país, precisamos de um grande movimento buscando formas de informar melhor sobre nossa religião.
No dia-a-dia é flagrante a falta de um material para a pesquisa dos interessados em aprender sobre o culto aos orisas.

Um erro comum é no que diz respeito ao chamado Juntó, a mistura de religiões no Brasil é responsável pela idéia errada que toda pessoa precisa ter um segundo Orisa, muitas vezes sendo passada a idéia de que o indivíduo necessita de um pai e uma mãe espiritual.

Só existe uma feitura. Para os outros orisas a pessoa é somente iniciada no culto, conforme orientação de Ifa.
O ponto que vou abordar agora vai criar uma grande polêmica, mas é preciso fazer isso.
Não existe no culto aos Orisas, em território yoruba, a mínima possibilidade de uma pessoa ser montada por dois Orisas, sendo que ela só é feita para um e iniciada para os demais, se assim for solicitado.

Tentarei explicar melhor. Na feitura o indivíduo exalta o que já possui, e na iniciação ele recebe o que é necessário para o seu melhor viver (o que lhe falta).

Exemplo: se uma pessoa é feita para Obatala e não é feliz em sua vida sentimental, pode ou não ser iniciada no culto de Osun como forma de equilibrar essa deficiência. Evidente que por orientação de Ifa.

A mistura de cultos de origem Banto (culto aos inkices), com o ritual de origem Yoruba (culto aos Orisas), gerou tal confusão que as pessoas acreditam que podem até receber (ser montado) por vários Orisas. Isso pode criar sérios problemas para o iniciado.

Tal fato deve ser orientado como prática no mínimo equivocada, para não dizer sem sentido, pois só um Orisa foi feito.

Sendo assim, a pessoa pode ser iniciada para qualquer orisa depois da feitura, ou até mesmo ser iniciado para outro Orisa antes do seu. Dependendo exclusivamente da orientação de Ifa.

 Eu sempre digo que o homem está ficando tão pretensioso que já criou regras para o comportamento das divindades, e quase sempre termina se esquecendo de perguntar aos mesmos, e coloca sua opinião como sendo a verdade.

Essa pretensão pode acontecer por várias razões: falta de conhecimento ou falta de caráter, mas sempre quem paga o preço é o iniciado.

Ire,o

Um dia de tristeza

Um dia de tristeza



Hoje quando acordei não imaginei o dia que teria e tão pouco pensei em escrever um informativo, mas quando vi os meus e-mails e recebi a noticia do falecimento do pai Pérsio, comecei a pensar  quanto se perdeu com a morte desse grande conhecedor do culto ao orisa Sango e da religião afrobrasileira.
Logo depois, olhando os meus recados, vi algo que me chamou atenção. Mais uma pessoa, um amigo sacerdote de Oloogun Ede, agradecendo os meus informativos e falando sobre a necessidade ensinar as pessoas e o quanto é terrível para os iniciados o chamado depois (agora não é hora, ainda não pode saber) e outras frases que desanimam os dedicados filhos carentes de aprendizado.
Como eu pratico a religião tradicional Yoruba e não o Candomblé, fico a vontade para comentar esse assunto embora tenha uma grande consideração com a religião afrobrasileira, porque fui iniciado nela.
Primeiramente é bom que as pessoas fiquem sabendo que em território yoruba não existe obrigação de UM ANO, de 3 ANOS,  de 7 ANOS e muito menos a tal loucura dos 21 ANOS!!!!. Todo iniciado recebe junto com seu orisa o seu jogo de búzios e não existe esse festival de cargos como em nosso país, que quando o sacerdote fica em dúvida, coloca a pessoa imediatamente como Ogan ou Ekedji. Cargos esses que em muitos lugares do território Yoruba nunca ninguém ouviu falar, pelo menos não por esse nome, existe sim Alabe e outras funções.
Essa coisa de que agora não é hora é complicado,  quando então seria a hora?
Nesse caso fico com uma frase de dona Estela de Osossi que diz “Meu tempo é agora.”.
Eu pessoalmente acredito que toda pessoa que pratica a história do depois, tem um ou outro problema, ou não sabe, ou tem insegurança sobre o que sabe e se a procedência é verdadeira. O que é o mais comum, o tal de ouvi falar, muito usado no dia-a-dia.
Fica então um alerta nos dias de hoje, se não nos propomos a ensinar nossos filhos, a internet o fará. E será que ele terá condições de eleger os melhores textos para ler?
Com certeza a nossa religião perdeu muito no dia de hoje com a morte desse grande sacerdote, mas estamos perdendo tanto e a tanto tempo que a grande maioria das pessoas já se acostumou a serem perdedores.